terça-feira, 17 de novembro de 2015

Crimson Peak (2015)

 

Os principais elogios que têm sido tecidos em relação a Crimson Peak partem da suposta homenagem que Guillermo Del Toro faz aos filmes “clássicos de horror do género”. Guillermo Del Toro é um grande realizador, é certo, com duas ou três obras de excepção (O Labirinto do Fauno e El Espinazo Del Diablo são filmes fantásticos em ambos os sentidos da palavra), mas para falar em “homenagem aos clássicos de horror do género” seria necessário perceber afinal de contas que género clássico é esse, e que me lembre não existiu nenhuma época particular no cinema em que o terror gótico fosse uma corrente comum ou que tenha tido particular apogeu. O cinema de terror gótico sempre existiu, desde Vampyr de 1932, ao Drácula de Bela Lugosi, passando por amostras mais recentes como A Mansão de 1999, The Others de 2001, para não falar de tantos e tantos outros (só acerca de Tim Burton poder-se-ia dizer que o homem a bem ou a mal é a homenagem ao gótico em pessoa), e Guillermo Del Toro com este Crimson Peak, isso sim, escreve-lhe uma carta de amor, como já havia esboçado antes noutros filmes.
Crimson Peak é série B barata em aspecto, mas no seu âmago é aventura de horror e mistério bem realizada, imaginada e sobretudo caracterizada. Del Toro opta por uma aproximação “à antiga”, apresentando criaturas diabólicas que nascem da maquilhagem e não dos efeitos especiais gerados por computador. Essa caracterização é tão impressionante que à primeira vista julgaríamos impossível tais criaturas serem de facto pessoas maquilhadas, e isso merece um levantar de chapéu em 2015.  Visualmente Crimson Peak é brilhante, e isso também é cinema. O enredo, repleto de metáforas, é rico o suficiente para os mais interessados explorarem e simples quanto baste para que não se pense muito sobre ele. Relembre-se que este não é propriamente um filme de terror, mas a verdade é que por vezes a romantização desta Colina Vermelha parece forçada e mais sofisticada do que aquilo que realmente é. Acima de tudo Crimson Peak é um filme competente, de um género de cinema que está bom, recomenda-se, tem e vai continuar a ter o seu espaço e o seu público. Del Toro apenas o expõe a um público mais vasto que talvez se tenha esquecido que este cinema existe, mas que ele cá está, está. Não se queira obter de Crimson Peak mais do que aquilo que ele pode dar e mais do que aquilo que efectivamente significa. Não é tão mau como muitos pintam, nem tão interessante como tantos outros querem que seja...

 

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