segunda-feira, 3 de abril de 2017

Life (2017)


Life, que coloca em cartaz Jake Gyllenhaal, Rebecca Ferguson e Ryan Reynolds, abre com um longo plano sequência de apresentação ao espaço, nave e personagens, tão desnecessário e pretensamente entusiasmante, com banda sonora de suspense vinda de lado algum, que é difícil passar esses primeiros minutos sem revirar os olhos pelo menos um par de vezes. É difícil perceber o que pretende exactamente o filme de Daniel Espinosa e os seus astronautas que de forma poética descobrem o primeiro organismo celular vivo (bicho lindo e fofo que vai virar vilão carniceiro) fora da Terra. A única forma de encarar Life como um produto positivo é olhando para ele enquanto homenagem série B rasca a alguma linguagem de terror e ficção espacial, e à cabeça está logo Alien, o mais recente Gravity e Sunshine, mas está longe de ser assim. Nota-se um esforço quase hercúleo de criar ligação entre o espectador e as personagens, deixando bem claro que quer ser imprevisível num argumento que se antevê previsível. Por vezes até consegue e será essa a única coisa realmente valorizável em Life, esse retirar de tapete com algum gore num filme que até certo momento são apenas passarinhos, flores e música inspiradora. Nenhum dos actores consegue fazer nada de jeito, até pelos diálogos cliché repletos de one-liners ridiculamente escritos pelos argumentistas de... Deadpool. Assim já se percebe o motivo de Ryan Reynolds fazer parte do cast, a interpretar aqui um Deadpool sem máscara que já enjoa, que não pode servir de tapa buracos e fita cola para tudo o que vier à cabeça dos argumentistas para criar ligação entre as personagens na sua apresentação ao espectador. Jake Gyllenhaal, excelente actor, faz o que pode para liderar o filme quando lhe deixam, porque a bem do navegar contra a corrente há que dar o mesmo screen time a todos. Decisão errada, pois claro, porque esta equipa de astronautas nunca consegue, ao longo dos 104 minutos de filme, ser mais do que máscaras de estereótipos sofrivelmente desenvolvidos. Não é uma perda de tempo para quem se queira divertir um pouco, mas esta Vida Inteligente é uma grande desilusão.

Porque é bom: Algum brilho série B que nunca se assume; uma ou outra reviravolta inesperada, sempre muito dark

Porque é mau: Argumento e diálogos sofríveis, com um Ryan Reynolds no fundo do poço a relembrar um Deadpool versão rasca; personagens que são apenas máscaras estereotipadas; a condução emocional do espectador e a inserção da banda sonora são feitas de forma artificial e desarmoniosa; os primeiros 20/ 30 minutos são francamente maus; twist final patético

2 comentários:

Helena Rodrigues disse...

Fico, de certa forma, satisfeita por saber que não sou a única a ter achado um desperdício de dinheiro ir ver este filme ao cinema. Lembro-me que ao sair pensei: "Raios, devia ter escolhido o John Wick 2". O filme não é "tenebroso", mas vê-se muito bem num futuro próximo, quando for exibido na "sessão de cinema" da Sic ou algo assim do género.

The Fading Cam disse...

Obrigado Helena. Já não nos lembramos da última vez que um leitor comentou uma crítica no próprio blog e não no facebook!