sexta-feira, 7 de abril de 2017

Killing Them Softly (2012)


Em 2012 Andrew Dominik realiza o seu primeiro filme após o majestoso Assassinato de Jesse James pelo Cobarde Robert Ford. Em Killing Them Softly, Dominik mantém Brad Pitt e troca o cenário das teias criminosas do Velho Oeste pelo das teias criminosas daquele que será o "Novo Oeste", a tal maioria silenciosa que deu a vitória a Donald Trump como recentemente fez Hell or High Water, numa metáfora social e económica negra, quase ironicamente cómica. É curioso o contexto político, sempre presente, através de programas de rádio ou televisão que se vão inserindo na acção do filme, aparentemente desenrolado durante a campanha Obama vs McCain para a presidência dos Estados Unidos. É uma visão para a crise económica e social que ganha contornos à época nos Estados Unidos e no Mundo e que aqui na película é sublimamente explorada no que toca ao pequeno aquário do mundo do crime, também ele aparentemente em crise como todos os outros sectores. Reina mais uma vez a destreza de encaixe de planos e fotografia num argumento que prima pelo entrelaçar e personalidades de personagens "actor" neste aquário, com diálogos ricos, escritos por camadas, que podiam ter tido pena de Cormac McCarthy. Todas as figuras apresentas no filme evoluem, existem, desde o ladrão desajeitado e nervoso, ao assassíno republicano com vincados valores conservadores. Killing Them Softly é um filme rígido, sóbrio, limpo, frio e lento, por vezes quase alucinogénico, mas sempre empolgante, lembrando a linguagem de filmes como Haywire de Soderbergh, por um lado, e No Country for Old Men, por outro. É difícil resistir à insistência da metáfora económica sempre presente ao longo do filme. Um filme noir e negro de grande mérito, sem exageros, sem grandiosidades, num equilibrio quase matemático.

Porque é bom: A sobriedade argumentativa e técnica; o subtexto politico, económico e social é delicioso; grandes interpretações; o tom de humor negro

Porque é mau: O prolongamento de diálogos e os clímaxes silenciosos podem aborrecer o espectador menos comprometido.


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