quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Allied (2016)


Algo correu inexplicavelmente mal em Allied, e é difícil dizer o quê quando temos Robert Zemeckis no leme e Brad Pitt e Marion Cotillard na fila da frente. A verdade é que Zemeckis nunca foi um realizador particularmente consistente. Teve alguns picos como Forrest Gump e O Náufrago, mas também momentos francamente desinteressantes como Beowulf ou Flight. É nessa sequência que aparece Aliados, uma espécie de Casablanca falsificado com direito a sequela dentro do próprio filme. Brad Pitt e Marion Cotillard são dois agentes secretos que durante a II Guerra Mundial misturam trabalho com conhaque numa missão conjunta no Norte de África ocupado pelos nazis, apaixonando-se rapidamente, num ensosso desenvolvimento de personagens. E depois a vida continua... Tudo em Allied acontece de forma apressada, ao longo dos vários anos de relação que compõe a sua acção, tudo comprimido num pacote de 2 horas de película que em momento algum conseguem tocar o espectador. Aliados mais parece uma tarefa, ou antes, um conjunto de várias tarefas que devem ser cumpridas em determinado prazo, numa sequência de acontecimentos e dilemas, que em teoria são interessantes mas que nunca conseguem ter eficácia. Talvez o principal problema esteja na falta de química entre Pitt e Cotillard que não conseguem brilhar em conjunto. Talvez seja culpa do próprio argumento que quer ser romance, thriller e noir ao mesmo tempo, mas que acaba por ser apenas uma miragem de tudo isso, uma miragem rica em ideias, mas vazia de alma. O conteúdo existe, em quantidade farta brutos, mas é plastificado e sensaborão, com direito até a algum CGI amador (a primeira cena do filme, em que Pitt desce de para-quedas, é tragicamente embaraçosa). Ainda assim há alguns resquícios de bom cinema, em uma ou duas cenas, recordando aquela em que Brad Pitt, em missão auto determinada no último terço do filme, dispara a sua pistola num retrato nocturno de belo efeito. Algo correu inexplicavelmente mal em Allied, e é difícil dizer o quê.

Porque é bom: Alguma boa fotografia.

Porque é mau:  Ausência de magia e carisma entre Brad Pitt e Marion Cotillard; demasiados acontecimentos sem significado emocional para o espectador, condensados em apenas duas horas de filme; desenvolvimento de personagens apressado, vazio e ineficaz; efeitos especiais amadores e embaraçosos.

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