quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Jason Bourne (2016)


Parecia que a saga de Bourne, que já havia dado 4 filmes francamente bons, sendo o último já em formato de Legado com Jeremy Renner, estaria finalizada. Não haveria grandes motivos para regressar a ela, sob pena de repetição (que já existia nos 4 filmes anteriores), a não ser talvez as saudades da sua principal estrela e do realizador Paul Greengrass que tomou conta do franchise desde Bourne Supremacy. Uma das características que diferenciaram a saga Bourne foi a sua realização, que aqui está novamente presente. A câmara irrequieta, shaky cam, que numa sucessão alucinante de planos procurava e procura trazer o espectador à acção. Greengrass é dos poucos, senão o único, que sabe como aplicar tão enfadonha (e enjoativa) técnica de realização, que muitos tentaram copiar e quase todos falharam. Infelizmente, em Jason Bourne, isso não é suficiente para fazer a diferença, mas há alguns elementos que a fazem. A acção e a trama, tal como nos filmes anteriores, é construída de forma clínica, fria e pouco relacionável, nos meandros dos serviços secretos americanos que apenas estamos habituados a reconhecer através de filmes. No entanto, aqui somos habilmente transportados para temáticas actuais, como exemplifica a criativa e longa sequência de abertura que tem lugar numa manifestação grega na praça Syntagma, em Atenas. Esse tipo de atenção, assim como o significado político e de segurança das redes sociais hoje em dia, são demonstrações de que as cabeças pensantes por detrás deste Jason Bourne não andam a dormir, como aliás nunca andaram. Aliado a alguns diálogos espantosamente significativos, com a ajuda de Tommy Lee Jones e Alicia Vikander, que objectivamente não são mais do que trocas de meia dúzia de palavras, temos aqui um filme de acção moderno e engenhoso, sem grandes manhas facilitistas e de engorda de ecrã. No entanto, isso não o impede de ter pouca chama e ser um pouco mais do mesmo. Não há mal nenhum em fazer mais um filme de Bourne, mas de facto talvez já não fosse necessário. Existindo, é, sem dúvida, mais um bom filme de acção como os seus intervenientes já nos habituaram.

Porque é bom: Temáticas modernas; shaky camera bem empregue; acção grandiosa apresentada de forma fria e minimalista; diálogos significativos; excelente desempenho do elenco secundário

Porque é mau: Acaba por ser mais do mesmo, sendo no fundo tudo aquilo que os outros filmes do franchise já eram; é algo difícil o espectador relacionar-se com a trama

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