terça-feira, 31 de maio de 2016

Centurion (2010)


O realizador Neil Marshall, que realiza este Centurion (de 2010 mas que inexplicavelmente só chegou às salas portuguesas em 2014), não conta com muitos filmes com a sua assinatura. No entanto é bem visível, desde Dog Soldiers de 2002, que o gosto pela série B, pelo seu gore e descomprometimento, são peça fulcral no seu pequeno cinema de nicho. O único que foge à regra dessa leveza é o soberbo The Descent de 2005, filme de terror que já é de culto e com muito mérito. Em Centurion, Fassbender é um soldado de Roma que lidera um pequeno grupo de soldados sobreviventes de uma emboscada na terra inóspita dos “selvagens” pictos do norte da grã-bretanha, terra que resiste ainda e sempre ao invasor, qual aldeia de Astérix. Este destemido e improvável grupo, como já era o de Dog Soldiers (uma espécie de cocó, ranheta, facada e companhia limitada) serve de transporte para uma sangrenta e visualmente interessante perseguição, em grande estilo e empatia para com o espectador, mas é pena que o seu comportamento série B não se mantenha sólido e irrepreensível do início ao fim, apressando-se demasiado e aos solavancos e introduzindo dentro deste contexto de descomprometido machão aventureiro e esquartejador de cabeças alguns elementos descontextualizados como interesses amorosos que, especificamente aqui, nesta terra cinzenta, inóspita e de barba rija (rijíssima!) não têm lugar. Ainda assim, o prazer que se retira deste Centurion é tanto que custa dizer mal dele, ainda que seja inferior a Dog Soldiers. É verdade que os actores têm mais carisma que as personagens que interpretam, e não deixa de ser estranho o cenário de Império Romano num filme de série B, mas a verdade é que com Neil Marshall essa estranheza só joga a seu favor.

Porque é bom: Bom estilo série B, com muito gore e diversão matreira, aventureira e irrealista; personagens engraçadas e caricatas, a lembrar Dog Soldiers; Michael Fassbender e Dominic West

Porque é mau: Apressado e desequilibrado; algumas personagens descontextualizadas que estragam o sentimento série B de barba rija que pauta todo o filme; a falta de solidez no último terço trai de certa maneira o nicho de público que está disposto a adorar o descomprometimento do filme

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