quinta-feira, 11 de maio de 2017

Free Fire (2016)


Ben Wheatley é um realizador criativo e com boas ideias, pelo que é difícil perceber porque quer à força imitar o humor de um Guy Ritchie, irmãos Coen ou Tarantino. O argumento, fraquíssimo pela sua limitação e estagnação, mas que não justifica por si só a pobreza do filme, coloca dois grupos de criminosos, compradores e vendedores, num negócio de armas num armazém abandonado. Saloio provoca saloio e começa um tiroteio que vai durar todo o filme. Free Fire procura viver da piada de situação, do ridículo da violência e do diálogo, da azelhice das suas personagens abigodadas, por algum motivo decoradas à anos 70, década em que parece passar-se o filme. Infelizmente o seu humor é muito menos inteligente e desprovido de personalidade do que aquilo que o próprio filme julga, e isso é inevitável quando as personagens de riem das piadas uns dos outros e da sua situação, sempre de sorriso de lado, com estilo e palmadinhas nas costas, como se tudo isto fosse uma "cena muita fixe e irónica". Tem alguns momentos "giros" como os gags dos últimos 10 minutos oferecidos por Jack Reynor, mas quase tudo o resto é demasiado irritante, auto-consciente e forçado, e quando se fala em tudo o resto fala-se, porque não existe mais nada, em bandidos feridos a arrastar-se, a grunhir, e a estilizar tudo isso. Já nem a desculpa pretensamente intelectual da violência irónica dá mérito a Free Fire. 

Porque é bom: Armie Hammer e Jack Reynor são bons "actores personagem" e concentram neles quase todo o pouco bom humor de situação que o filme oferece.

Porque é mau: Sempre auto-consciente do seu humor de azelhice, o filme passa os 90 minutos a dar palmadas nas costas a si próprio e a rir-se das suas próprias piadas, julgando-se muito mais inteligente e sarcástico do que aquilo que realmente é; argumento limitado e pobre que não consegue usar o humor de situação para ser ultrapassado, como se pretendia; pouca personalidade e demasiada imitação

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