quinta-feira, 17 de março de 2016

Knight of Cups (2015)


Desde Tree of Life que o cinema de Malick está diferente. Mais existencialista, mais contemplativo, mais simbólico. O grande busílis destas obras mais recentes, e em particular deste Knight of Cups é tentar discernir se este é ou não, afinal, um filme que vive apenas da forma, trazendo pouco ou quase nenhum conteúdo que se pode até acusar de ser pretensioso e inconsequente. Em Tree of Life somos da opinião que isso acontece. A viagem cósmica sobre a criação que termina no pequeno aquário de uma família-tipo americana nos anos 50 pareceu-nos demasiado desconexa, forçada... O mesmo não acontece em Knight of Cups, ainda que a forma seja, em última análise, o seu ponto mais forte, são os símbolos o seu grande conteúdo. Acompanhamos Christian Bale, um argumentista de Hollywood, os seus dias de boémia e solidão, num sujeito que escreve palavras mas que aparentemente as perdeu. Ele é o Cavaleiro de Copas, simbolizando a carta do tarot com o mesmo nome, que numa breve pesquisa percebemos descrever a exacta personalidade da sua personagem. Não é o único símbolo, baseado nestas cartas e não só, que Knight of Cups nos apresenta. Enquanto espectadores somos guiados por locais e visões de grande intensidade, originalidade e contemplação. A realização e imagem deste Knight of Cups é de facto fantástica, delirante, bela. Cada um dos seus curtos planos é digno de um certo fascínio e isso só pode ser bom. É um filme que se vê e que se pensa. É hermético, é verdade, existindo apenas dentro do seu pequeno Mundo, mas é um mundo com muitas imagens, movimentos e pensamentos para descobrir, quase como que uma inesperada massagem ao espírito sem consequências de maior. Não procura e pensa nada de grandioso, como a origem do Universo de Tree of Life, e isso dá-lhe uma certa humildade que é de bom gosto. É para ver, sentir, pensar um pouco. Um filme livre como já era Badlands em 1973.

Porque é bom: Planos belos, refrescantes e originais; simbologia interessante; elenco soberbo; um pequeno Mundo para contemplar livremente

Porque é mau: Pode ser considerado inconsequente e pretensioso, na linha da obra mais recente do realizador

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