quarta-feira, 9 de setembro de 2015

The Visit (2015)


M. Night Shyamalan não tem tido uma vida fácil nos últimos anos e a antecipação e a dúvida sobre se seria este o regresso do realizador de Sexto Sentido à boa forma fazem dele um dos filmes mais aguardados do ano. Surpresa das surpresas, The Visit não é o filme de terror que todos esperávamos que fosse (é provavelmente o caso que melhor representa o facto de um trailer hoje em dia pouco ou nada ilustrar o filme respectivo). Ao invés de um misterioso filme de terror que assenta nos pilares estereotipados do género, M. Night Shyamalan surpreende-nos com uma comédia de terror muito, muito original, filmada em jeito de documentário amador pelas suas duas personagens principais, os dois jovens, um criança, outra adolescente, que vão passar uma semana a casa dos misteriosos avós que nunca conheceram. Até que durante a noite os avós começam a comportar-se de forma estranha. É engraçado como Shyamalan joga com os chavões dos filmes de terror, fazendo com eles uma comédia sobre o seu próprio filme, desde os sustos fáceis aos movimentos corporais bizarros que a avó faz, passando pela própria estrutura em que é apresentado: um terror filmado na primeira pessoa pelas próprias personagens do filme que nunca esteve tão na berra. Mas desengane-se quem acha que vai ver The Visit apenas para se rir. Mesmo consciente dos elementos de terror que aqui são verdadeiramente virados ao contrário, quando o propósito é assustar o espectador, o filme é eficazmente bem sucedido. A comédia torna-se ácida porque verdadeiramente nunca sabemos que tipo de comportamento podemos esperar por parte do filme. De louvar ainda que com toda esta originalidade o realizador foi capaz de deixar o seu cunho pessoal, nomeadamente através de planos interessantes de rara complexidade que nos colocam no papel de observador de situação e não apenas de espectador de filme. E para colmatar tudo isto é grande, enorme mesmo, o alívio sentido ao verificar que The Visit não tem uma gota de pretensiosismo. Shyamalan não está mesmo a tentar provar nada a ninguém. Ele sempre foi assim, a sua originalidade sempre foi assim. Simplesmente umas vezes resulta, outras não. Não resultou com The Happening. Resultou aqui. O filme é genuinamente divertido e inteligente o suficiente para saber brincar consigo próprio. Uma surpresa extremamente positiva este regresso de Shyamalan à realização. Uma surpresa inteligente e complexa mas que sabe o seu propósito: entreter o espectador. E nisso é extremamente eficaz. Muito bem. 

 

Trailer follows:

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