domingo, 9 de setembro de 2018

MOTELX 2018 - Críticas Dia #4: Upgrade (2018), Gonjiam: Haunted Asylum (2018), The Ranger (2018), Luz (2018)

Sexta-feira, dia 7 de Setembro 2018, teve lugar o 4º dia da 12ª edição do Motelx, mais um belíssimo dia para os amantes do género que trouxe o impulsivo Upgrade de Leigh Whannell, convidado de honra do festival, para nos levar numa montanha russa de acção futurista e que contou com James Franco como espectador anónimo na sala. Foi ainda o dia da primeira sessão dupla desta edição, provavelmente uma das mais interessantes da história do festival, com o teen slasher The Ranger e o aterrador Gonjiam: Haunted Asylum. Foi ainda exibido Luz, um filme conceito que não conseguiu corresponder às expectativas.

Upgrade: Foi para filmes como Upgrade serem feitos que a série B se perpetuou no tempo. Não é que o mais recente filme de Leigh Whannell o seja conceptualmente, mas o espírito descomprometido e o amoroso exercício de género que consegue produzir, cheio de criatividade no recheio que compõe o seu pequeno Mundo futurista, tornam-no uma jóia na programação desta edição do Motelx e num possível filme de culto de nicho, com mérito próprio, a lembrar películas como The Guest. Despojado de pretensiosimo, Whannell consegue fazer um saboroso cocktail de sci-fi, terror e acção, e não fosse o seu descomprometimento o resultado final poderia ter sido desastroso. Pelo contrário, Upgrade habilmente consegue equilibrar os seus subgéneros e ideias, e Logan Marshall-Green, estrela da obra-prima do suspense Invitation, demonstra que pode atingir patamares maiores no cinema comercial. Ainda que por vezes o filme pareça algo desorientado e apressado, o entretenimento que oferece é inegável. Upgrade não pretende mais que isso.



Gonjiam: Haunted Asylum: Escolha ideal para fechar o dia, exibido às 2h da manhã, Gonjiam é um dos exemplares do melhor terror, em sentido estrito, que já passou pelo Motelx em todas as suas edições. Um found-footage sul coreano, Gonjiam coloca um grupo de voluntários num programa online que procura fantasmas em lugares supostamente assombrados, enquanto transmite em directo para milhares de espectadores com as suas câmaras e go-pros. No caso, o cenário é um asilo abandonado no interior do país. Desprovido de violência e de jump scares que existem, mas estão longe de ser baratos, Gonjiam constrói uma atmosfera genuinamente aterradora e realista, realismo esse que se arrasta com sucesso para as suas personagens, numa espécie de Blair Witch aperfeiçoado. A cinematografia, a localização e a ausência de banda sonora ajudam, e no fundo é isso que se procura no género de terror puro que não procura brincar com outros conceitos que não sejam o de colocar o espectador com deliciosos calafrios, num dos filmes de entretenimento de horror mais bem polidos dos últimos anos para ver com os amigos à noite. 



The Ranger: Mais uma homenagem aos teen slashers dos anos 80, The Ranger foi um boa escolha para abrir a sessão dupla à meia-noite antes da exibição de Gonjiam. Quando um grupo de punks adolescentes se refugia na casa de montanha de uma das protagonistas, um ranger do parque nacional demonstra não é o agente da autoridade que aparenta. Apesar de ser um filme algo insípido, The Ranger consegue brincar consigo próprio, caricaturando o género teen-slasher com humor negro e alguns clichés conscientemente aplicados que disfarçam algum do amadorismo presente na realização. O facto do Ranger assassino nunca ter enganado ninguém, faz com que o filme nunca seja realmente levado a sério, o que lhe dá toda uma dimensão cómica e de entretenimento que nunca se torna cansativa. A sua curta duração, 80 minutos, ajuda a que tudo corra bem. No entanto, apesar de bem disposto, The Ranger não faz nada mais que isto.



Luz: Um dos filmes a concorrer para melhor longa-metragem de terror europeia, Luz prometia muito com o seu conceito, mas a verdade é que nunca passa disso mesmo: um filme-conceito de uma hora, esticado de forma desnecessária naquilo que teria funcionado muito melhor como uma curta-metragem. O hábil realizador Tilman Singer constrói um meta filme no qual uma taxista que sofreu um acidente, sob efeito de hipnose, procura esclarecer a investigação sobre o sucedido. O design sonoro do filme é impressionante, e a forma como o que se passou no táxi de Luz é reproduzido no salão onde decorre o inquérito sob hipnose é hábil e criativa, mas além desse conceito, Luz faz muito pouco. Abrindo e encerrando com o mesmo longo plano fixo, o tempo "útil" de filme não será superior a cerca de 45 minutos, o que acaba por expor as suas limitações. Luz é um esforço técnico admirável nos primeiros 10 minutos, mas a ausência de desenvolvimento de personagem e interesse narrativo acabam por deitar tudo a perder.




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