Um dos destaques do Monstra 2016
foi Miss Hokusai. Katsushika Hokusai foi uma das mais importantes pintoras do
Japão, autora de alguns dos mais reconhecíveis quadros desse país como A Grande
Onda de Kanagawa (vale a pena uma pesquisa), e viveu na era dos samurais de Edo,
que tantas vezes vemos retratada nas mais variadas animações japonesas que chegam
ao ocidente. Este Miss Hokusai não é, no entanto, nenhuma história de espadas,
lutas, revoluções ou heróis, mas sim uma impressionista e contemplativa visão
sobre o início da vida adulta da artista. A sua relação com o pai, também ele
pintor e mestre, com outros artistas, a mãe, a irmã mais nova... É soberbamente
relaxante a animação que nos aqui é apresentada, com realismo e despida de
fantasias desnecessárias além das próprias das crenças culturais da época que
mais funcionam aqui como imaginário visual do que propriamente problemática
narrativa. Temos o rio, a ponte, a pintura, a desarrumação, as nuvens, as
prostitutas, o saké, a morte, tudo numa animação que aparenta ser leve mas que é tudo
menos inconsequente. Miss Hokusai é um filme sereno e bucólico, arejado,
assentando o seu sentimento e beleza numa certa narrativa dura e adulta que
foge aos estereótipos do que estamos habituados a ver em animação, sem pudores.
Este Miss Hokusai merece um enorme respeito.
Porque é bom: A personagem principal; o sensacionismo contemplativo; a qualidade da animação; o exercício do imaginário; a inspiração que dá a artista Hokusai; a natureza adulta da narrativa
Porque é mau: Pouco ambicioso, o que pode ser uma qualidade; por vezes entra em divagação
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