Desde Tree of Life que o cinema
de Malick está diferente. Mais existencialista, mais contemplativo, mais
simbólico. O grande busílis destas obras mais recentes, e em particular deste
Knight of Cups é tentar discernir se este é ou não, afinal, um filme que vive
apenas da forma, trazendo pouco ou quase nenhum conteúdo que se pode até acusar
de ser pretensioso e inconsequente. Em Tree of Life somos da opinião que isso
acontece. A viagem cósmica sobre a criação que termina no pequeno aquário de
uma família-tipo americana nos anos 50 pareceu-nos demasiado desconexa,
forçada... O mesmo não acontece em Knight of Cups, ainda que a forma seja, em
última análise, o seu ponto mais forte, são os símbolos o seu grande conteúdo.
Acompanhamos Christian Bale, um argumentista de Hollywood, os seus dias de
boémia e solidão, num sujeito que escreve palavras mas que aparentemente as
perdeu. Ele é o Cavaleiro de Copas, simbolizando a carta do tarot com o mesmo
nome, que numa breve pesquisa percebemos descrever a exacta personalidade da
sua personagem. Não é o único símbolo, baseado nestas cartas e não só, que
Knight of Cups nos apresenta. Enquanto espectadores somos guiados por locais e
visões de grande intensidade, originalidade e contemplação. A realização e
imagem deste Knight of Cups é de facto fantástica, delirante, bela. Cada um dos
seus curtos planos é digno de um certo fascínio e isso só pode ser bom. É um
filme que se vê e que se pensa. É hermético, é verdade, existindo apenas dentro
do seu pequeno Mundo, mas é um mundo com muitas imagens, movimentos e
pensamentos para descobrir, quase como que uma inesperada massagem ao espírito
sem consequências de maior. Não procura e pensa nada de grandioso, como a
origem do Universo de Tree of Life, e isso dá-lhe uma certa humildade que é de
bom gosto. É para ver, sentir, pensar um pouco. Um filme livre como já era
Badlands em 1973.
Porque é bom: Planos belos, refrescantes e originais; simbologia interessante; elenco soberbo; um pequeno Mundo para contemplar livremente
Porque é mau: Pode ser considerado inconsequente e pretensioso, na linha da obra mais recente do realizador
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