Chegando ao fim de mais uma década de cinema o The Fading Cam decidiu assumir o desafio de compilar um ambicioso Top 160 Melhores Filmes da Década 2010. Vamos apenas assumir filmes que tenham estreado em Portugal, em sala ou plataforma stream, entre 2010 e 2019. A ordem não reflecte necessariamente a nota atribuída nas respectivas críticas. Se o vosso filme preferido não estiver na lista existem duas razões para isso: ou não o vimos, ou não gostamos dele. Contem com uma lista fora do normal, onde o cinema comercial não é necessariamente mau, onde o terror e a acção não são géneros menores, e sobretudo onde os grandes prémios do cinema não servem como medidor de qualidade. Vamos abrir as hostilidades com os lugares 160º a 141º:
Uma coming of age story contada no feminino com um argumento que foge aos padrões habituais do género. Hailee Steinfeld, ajudada por Woody Harrelson, é a adolescente alternativa e depressiva que odeia a sua idade. Com uma interpretação acima da média, o filme balança o drama familiar com o humor de forma original e particularmente coesa e mete outros filmes do género como Lady Bird a um canto.
159º "Super 8" (2011) - JJ Abrams
Antes de existir Stranger Things e todo o revivalismo 80s existiu Super 8, aquele que continua a ser, até à data, o único filme não pertencente a um franchise realizado por JJ Abrams. Com um visual imersivo e ritmo excitante, o grupo de jovens actores lidera o filme de aventura, terror e ficção científica, sendo provavelmente o melhor filme revivalista da década. E não houve poucos...
158º "Paterson" (2017) - Jim Jarmusch
Com mais uma brilhante interpretação de Adam Driver, Jarmusch reflecte sobre a poesia da vida simples do dia a dia, a chamada ode à vida quotidiana mundana. É o filme melancólico ideal para ver numa noite fria, admirando as pequenas coisas que a vida nos dá.
157º "The Nice Guys" (2016) - Shane Black
Idos vão os tempos dos buddy movies, cops ou não, como Tango e Cash ou Arma Mortífera, mas The Nice Guys faz um trabalho irresistível ao conseguir juntar uma excelente realização, narrativa, mas sobretudo uma parceria mais que carismática entre um brutamontes Russel Crowe e um espertalhão Ryan Gosling.
156º "Darkest Hour" (2018) - Joe Wright
Raros são os biopics que chegam à época de Óscares merecendo toda a atenção que receberam, mas Darkest Hour é um belíssimo retrato da decisiva intervenção de Churchill na Segunda Guerra Mundial, carregado com uma brilhante interpretação de Gary Oldman. Darkest Hour é um bom exemplo de como realizar o biopic sem que seja apenas "mais um".
155º "Coming Home"/"Gui Lai" (2015) - Zhang Yimou
O veterano realizador chinês assinou em 2015 um melodrama vertiginoso que não tem vergonha de o ser, assumindo numa camada inferior uma mensagem político social difícil de ignorar. É também isto cinema, a arte de tocar nos sentimentos do espectador, de o fazer pensar, de o fazer sonhar.
154º "Personal Shopper" (2017) - Olivier Assayas
Olivier Assayas volta a surpreender com um thriller dramático fora da caixa tão coeso que é impossível apontar-lhe defeitos. É a melhor interpretação da carreira de Kristen Stewart que consegue levar o espectador a um Mundo estranho e imersivo, entre o sonho e o pesadelo.
153º "The Beaver" (2011) - Jodie Foster
Na fase mais difícil da vida de Mel Gibson, Jodie Foster decidiu realizar e co-protagonizar este drama existencialista que usa como pano de fundo a depressão. Curioso o paralelismo da sua personagem principal com a vida do próprio protagonista. The Beaver pode ser um filme miserabilista, por vezes enervante, mas fá-lo com uma originalidade desconcertante que merece todo o louvor.
Inauguramos o género de terror com The New Daughter, um filme misterioso protagonizado por Kevin Costner que não recebeu metade da atenção que devia. De original não tem nada: casa isolada, criança com comportamentos estranhos, mas a execução lenta e consciente de Berdejo, que coloca de lado o susto fácil e a violência em detrimento de efeitos especiais práticos e construção de atmosfera, merece um aplauso.
151º "Taken" (2010) - Pierre Morel
Quando estreou Taken de certa forma revolucionou a forma de fazer cinema de acção nos Estados Unidos, com uma cativante personagem interpretada por Liam Neeson a executar brilhantes coreografias de acção que viriam depois a ser adoptadas em filmes superiores como John Wick. Taken abriu caminho e é, por mérito próprio, um filme de culto.
150º "Lone Survivor" (2014) - Peter Berg
A década de 2010 teve vários belos exemplares de cinema de guerra e Lone Survivor é um deles. Tecnicamente irrepreensível, nomeadamente a nível sonoro, este é um filme de acção/guerra de rara tensão que ignora o politicamente correcto que marcou a maioria do cinema de guerra da era Obama.
149º "Jurassic World: Fallen Kingdom" (2018) - J.A. Bayona
Esta pode ser uma escolha polémica, mas Jurassic World: Fallen Kingdom é um exemplo de como fazer bom cinema de pipoca com identidade suficiente para nos ficar na memória como algo mais do que apenas mais um. Como esquecer a perseguição de horror gótico na mansão à Lua cheia protagonizada por um exemplar de tudo o que está errado à luz da bioética?
Para uns tremendamente original, para outros terror básico e genérico, Get Out é um filme divisivo que consegue abordar com um olho interessante um novo conceito de horror racial. Pode ser forçado, é verdade, mas o surrealismo e o mistério da situação proposta por Jordan Peele é uma das coisas mais intrigantes dos anos recentes.
147º "The Fighter" (2011) - David O. Russel
Um drama familiar de desporto com uma interpretação com um, como sempre, superlativo Christian Bale a roubar o spotlight num argumento sólido que tem como tela uma América industrial e marginal. O. Russel dirige habilmente, mas é a interpretação de Bale que fica para a história.
146º "The Martian" (2015) - Ridley Scott
Mais um exemplar de que é possível fazer bom cinema comercial, com um veterano Ridley Scott quase que a caricaturar os filmes de propaganda americana dos anos 90. The Martian é um filme inteligente e astuto que entretém o espectador do primeiro ao último minuto, usando os lugares comuns do filme catástrofe de forma quase irónica a seu favor. Até ficamos com os olhos trocados.
145º "Mandy" (2018) - Panos Cosmatos
Nicholas Cage não está morto. Está bom e recomenda-se. É difícil descrever por palavras o filme de Cosmatos. Metade trip de lsd potente de caixão à cova, metade Cage louco num brilhante thriller de acção, Mandy desafia os limites do género, mas também os limites da paciência do espectador. Ainda assim é precisamente com a libertação de Cage em plena casa de banho que o espectador se liberta do estado sonâmbulo em que se encontra para uma das mais originais experiências cinematográficas da sua vida.
144º "Good Time" (2017) - Benny Safdie, Josh Safdie
Os irmãos Safdie realizam este original crime thriller que ajuda a consolidar Robert Pattinson como um dos melhores actores desta geração. Visualmente delicioso e narrativamente criativo, Good Time é um filme incómodo que ao mesmo tempo nos dá prazer, como coçar uma borbulha. Um guilty pleasure de rara qualidade.
143º "Godzilla" (2014) - Gareth Edwards
Digam o que quiserem, mas a nosso ver o reboot de Gareth Edwards do mítico Godzilla é o melhor monster movie da década. O género Kaiju funde-se na perfeição com o mistério e terror vivido pelos pequenos humanos que de repente se vêm a braços com a destruição da sua cidade. Protagonizado por nomes como Bryan Cranston ou Elizabeth Olsen, Godzilla é visualmente brilhante, oferece uma realização sufocante e toda a tensão que podemos desejar de um filme do género.
142º "Prometheus" (2012) - Ridley Scott
Prometheus é um filme divisivo e desequilibrado, mas tudo isso é compensado pela sua produção, pelas temáticas que introduz (da bioética à religião), pela enorme interpretação de Fassbender, e sobretudo pelo regresso de Ridley Scott ao franchise de culto que criou: Alien. Scott coloca o espectador numa espiral de questões, acção e terror irresistível.
141º "Out of the Furnace" (2013) - Scott Cooper
Fascinante a forma como Scott Cooper pega nos seus actores e transforma um revenge thriller aparentemente comum passado na América profunda num objecto de culto. Um Woody Harrelson lunático e aterrorizador em pico de forma, um Christian Bale irrepreensível que carrega o drama às suas costas e um frágil e revoltado Casey Affleck fazem de Out of the Furnace um belíssimo filme de actores que não precisam de efeitos especiais nem maquilhagem para brilhar.
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