sábado, 10 de setembro de 2016

Especial Motelx 2016 - Dia #3: 31, Pet, The Noonday Witch

O terceiro dia do Motelx 2016 não ofereceu, na medida daquilo que vimos, uma programação particularmente forte. Ainda assim foi em crescendo, e apesar de não termos visto Villmark Asylum, entre outras ofertas, o dia terminou agradavelmente com The Noonday Witch. As críticas:

31: Ainda tínhamos a boca (ou o olho) doce de ter visto o fabuloso The Wailing na noite anterior quando fomos ver 31, o novo filme de Rob Zombie, tão mau que é difícil de qualificar, e chamar-lhe de dejecto cinematográfico execrável talvez não seja um eufemismo. Convenhamos, além de um nome cool, Rob Zombie nunca teve muito para dar ao cinema, realizando filmes pouco acima de medíocres desde House of 1000 Corpses de 2003. Este 31 não é nenhum filme mainstream, mas também não é sequer série B. É um filme série Z, cujo espírito Tarantino e Robert Rodriguez homenagearam com o interessantíssimo projecto Grindhouse, de onde se extraiu Death Proof e Planet Terror, em 2007. Curiosamente Rob Zombie foi um dos realizadores responsáveis por um dos falsos segmentos de trailers que apareciam entre os dois filmes de Grindhouse, pelo que se entende o fascínio do realizador pela série Z. O problema é que por muito giro que isso seja, um filme série Z pauta-se por ser mau na maioria das suas vertentes e é, por isso mesmo, um género que ficou esquecido, perdido nos anos 70. 31 é isso mesmo, mau em tudo, a começar pelo seu argumento mal escrito que faz questão de não aproveitar nenhuma das boas ideias que dele podiam ter decorrido. Aqui temos um grupo de 5 pessoas na casa dos 40/50 anos, raptadas para jogar um jogo de sádicos vestidos de palhaço cujo objectivo é matar os seus participantes. Nunca irá além disso. Todas as interpretações são fracas, francamente medíocres, as personagens vazias e desinteressantes, e nem sequer os sucessivos adversários que vão surgindo dão alguma faísca de interesse a 31. O filme é altamente provocatório e desagradável, sim, mas isso nem sequer é executado de forma minimamente inteligente, "divertida", ou interessante para o espectador. 31 torna-se simplesmente gratuito na sua violência, no seu humor misógino altamente ofensivo, no seu total mau gosto. O conceito de filme série Z é engraçado sim, produzindo aquele tipo de filmes que são tão maus que se torna divertidos e bons. 31 até disso está muito longe...



Pet: Altamente influenciado por Gone Girl, Pet é um filme que parte de uma boa ideia mas que não consegue ir além da superficialidade. Ao encontrar por acaso a sua paixão do tempo da escola, um jovem adulto decide fazer dela prisioneira para a "salvar". Usando do enredo a sua principal arma, assim como as boas interpretações de Dominic Monhagan e Ksenia Solo, Pet vai-se desenrolando num thriller claustrofóbico com alguns twists interessante e algumas noções psicológicas dignas de nota e que giram à volta do amor obsessivo,mas sem nunca aprofundar muito nenhuma das suas principais características. Tecnicamente limita-se a cumprir, como se alguém tivesse tido medo de tirar daqui um grande filme. 



The Noonday Witch: O melhor dos filmes que vimos no terceiro dia de Motelx foi o último, Polednice (The Noonday Witch), produção checa que é o primeiro filme do jovem realizador Jiri Sádek. Cinematograficamente este é um filme superior, filmado de forma bela, com uma palete de cores de Verão que trazem ao espectador o calor que mãe e filha sofrem quando decidem mudar-se para a vila onde o seu marido e pai cresceu. As muito boas interpretações ajudam a criar uma atmosfera fechada dentro de uma natureza aparentemente aberta, como que uma sombra pairando no dia a dia das suas personagens, amaldiçoando-o e enervando-o. Quando entra o horror, baseado numa velha lenda local, a sensação de desconforto é eficaz, mas infelizmente, e sem ter nenhuma necessidade de o fazer, usa demasiado o som para atingir o espectador. Golpe baixo, pois claro. Ainda assim, e apesar de deixar os espectadores com um apetite por horror mais aguçado um pouco desapontados com o desenlace, a atmosfera e toda a imagética fazem destes um dos filmes mais interessantes a passar por esta edição do Motelx.

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