Sputnik: Vagamente inspirado em Alien: O Oitavo Passageiro, Sputnik traz da Rússia um terror que mistura sci-fi com body horror e romance dramático, com o realizador Egor Abramenko a trazer de volta à Terra um astronauta que traz com ele uma criatura vinda do espaço. Desenrolando a sua história em plena guerra fria, Abramenko faz um belo trabalho na caracterização do modus operandi comunista da URSS, invocando os fantasmas do secretismo estatal e da regra de ouro de que um camarada apenas sabe aquilo que tem que saber, lembrando, ainda que de forma algo acabrunhada, a linguagem de Chernobyl, série recente da HBO. A nível de quadro, Sputnik está no caminho certo. A nível de ideia também. A criatura apresentada no filme é desconcertante o suficiente para manter o interesse do espectador à medida que a protagonista interpretada por Oksana Akinshina tenta decifrar os seus mistérios biológicos. No entanto, ao caminharmos pela sua segunda metade, a linguagem misteriosa de Sputnik tende a ser posta de lado, preferindo-lhe uma espécie de romance proibido que acaba por anular a construção de personagem da protagonista que estava a fazer um tão belo trabalho até então, fazendo desde apenas mais um filme no qual a sua forte protagonista, de ideias convictas, acaba manietada pelo seu sentimento irracional. O terror lento que Sputnik vai construindo promete um clímax que nunca chega a acontecer, tornando-o mais um exercício genérico de género que, derradeiramente, acaba por o tornar aborrecido.
Black Water: Abyss: Filme ideal para a sessão da meia-noite, Black Water: Abyss é um slasher terreno que coloca 5 amigos presos numa gruta com crocodilos. Seria de esperar um belo esforço série B divertido, mas a sua preocupação pelo realismo acaba por levar a melhor tornando-o numa faca de dois gumes. Black Water: Abyss é entretenimento legítimo, todavia num filme com uma premissa tão pouco ambiciosa e com níveis de produção tão modestos, é questionável até que ponto deve o filme preocupar-se com algo mais do que com o mero entretenimento. Ao procurar aprofundar argumento e desenvolver as suas personagens através de revelações inter-pessoais, e por outro lado tentando ao máximo fazer dos seus crocodilos criaturas o mais credíveis possível, o filme realizado pelo australiano Andrew Traucki acaba mais por parecer uma versão rasca de The Descent do que um seu derivado por mérito próprio. Ainda assim está longe de ser uma perda de tempo e irá agradar os fãs do género.
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