Exibido no IndieLisboa 2017, I Am Not a Serial Killer é uma daquelas pedras preciosas pouco vistosas que infelizmente poucos irão ver. Thriller de terror temperado com humor negro, o pequeno mundo do filme, a sua vila americana branca de neve, está construída com peso, medida e personalidade para servir de cenário para um argumento discreto mas de um eficácia matemática, ainda que essa não seja a palavra adequada a um filme com um coração enorme. Com efeito o realizador Billy O'Brien consegue dentro do thriller construir um drama familiar bastante negro e actual ao mesmo tempo que referencia algumas das revoltas e injustiças da adolescência levadas ao écrã pelo jovem Max Records, com uma brilhante interpretação prevendo-se um futuro auspicioso. A formar dupla com o jovem actor com uma química notável está o veterano Christopher Lloyd, d'O Regresso ao Futuro, o némesis, o misterioso vizinho com um segredo macabro, irresistível e questões morais que apanham o espectador desprevenido. I Am Not a Serial Killer é muito melhor do que aparenta na sua humildade e discrição. Além de um argumento muito original e coeso, com herói e vilão que se confundem na sua moral e seus actos, a tensão que o filme consegue gerar nos seus melhores momentos é tão entertaining como suspenseful, e sempre significativa. Dá gosto passar por ele. Objectivamente não há como não dizer que é um "muito bom".
Porque é bom: O argumento brilhante que cruza drama familiar, adolescência, mistério, thriller, humor negro, terror e sci-fi sem nunca falhar em nenhum dos campos, num equilíbrio verdadeiramente notável; excelente química entre Max Records e Christopher Lloyd, com duas belas interpretações.
Porque é mau: O seu aspecto humilde e low-budget passa a infelizmente errada ideia de que estamos perante um filme irrelevante.
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